Ahh, Páscoa. Amêndoas, ovos de chocolate, folares,… Sol, flores, calor… Hmm, parece que desta vez nos ficamo só pela gastronomia, que os céus não estão para ajudar.
Se há coisa que me desperta a curiosidade (bem, até há muitas, mas digo relacionada com a época) é a origem desta festa. Desta e de qualquer uma. Acho que conhecendo as origens das coisas é muito mais fácil depois compreendê-las.
Se a origem cristã já é conhecida de todos, os coelhinhos e os ovos também já foram desmistificados em todos os noticiários - como símbolos da fertilidade.
O certo é que muito antes do cristianismo se impor, já se celebrava a primavera… A primavera, o renascer da natureza, um despertar… – no fundo, o mesmo que hoje em geral se celebra: uma ressurreição.
Enquanto que por cá a palavra Páscoa deriva do hebreu “Pessach” (“passagem”, uma festa de libertação hebraica), em inglês, a palavra “Easter” (Páscoa) tem a sua origem, crê-se, em “Ishtar”.
Ishtar era uma deusa idolatrada na Acádia (uma região da antiga Mesopotâmia), representante da primavera e da fertilidade, e um dos rituais integrantes do seu culto ocorria na primavera, consistindo em pintar ovos e escondê-los nos campos.
Ishtar foi, mais tarde, adoptada pela mitologia nórdica como “Eostre” ou “Ostera”. Também a esta deusa se atribuem como símbolos os ovos e as lebres.
Segundo a mitologia nórdica, estava um dia Eostre sentada com crianças, que adorava, quando um pássaro pousou na sua mão. A deusa, através da magia, transformou-o numa lebre, o seu animal favorito. Contudo, as crianças repararam que, com o passar do tempo, o animal se sentia infeliz, já que não podia mais voar ou cantar e pediram a Eostre que o devolvesse à sua forma natural. A deusa acedeu mas não obteve sucesso: a magia já estava feita e durante o inverno os seus poderes diminuíam; assim que teriam de aguardar pela chegada da primavera em que talvez recuperasse toda a sua magia e pudesse anular o feitiço por algum tempo.
Com a chegada da primavera, Eostre recuperou os seus poderes e conseguiu, por momentos, transformar de novo a lebre em pássaro. Em sinal de gratidão, o animal pôs alguns ovos enquanto na sua forma original. Mais tarde, em agradecimento à intercessão das crianças, o pássaro de novo transformado em lebre, pintou os ovos que havia posto e distribuiu-os pelo mundo.
Como já se sabe, “Cada roca com seu fuso, cada terra com seu uso”.
O certo é que com o passar do tempo as tradições pagãs e cristãs acabaram por misturar-se. Já agora, não posso deixar de agradecer aos franceses que tiveram a brilhante ideia de começar a fazer ovos de chocolate! Uma maravilha desta época, a consumir com muita, muita moderação!
E com ovos ou sem, com coelhos, pássaros ou só com o Bobi ou Tareco lá de casa e cristãos ou não, desejo a todos uma óptima Páscoa!