Primeiro a noite inicialmente animada pelos Black Eyed Peas e pela "Calle Ocho".
Depois a manhã, mais serena no banco de jardim.
“Ele:(...) Eres mi chica, no te voy a dejar por ahí sola por la noche!
Eu: Tu chica?
Ele: Si, desde ayer, no..?
Eu: Hmmm, eso me gusta! :)”
Saio de casa num Sábado à noite com um destino: fiesta.
Mas aqui, em Portugal, o ambiente é outro, tão diferente de Espanha: não há botellones nem bares que abrem com os hits dançantes dos anos 80 e 90. Aqui vamos tomar cafezinho às 22h e seguimos para a discoteca quando soam as 2h.
Mas hoje o meu destino, momentaneamente desinteressante e desinteressado, contrariou-me e trouxe-me para casa à 1h.
Limitei-me a um, dois bares. Beberiquei um delicioso cocktail de sumos, natas e grenadina, e ouvi os desabafos de uma amiga.
E estas coisas simples da vida fizeram-me bem.
Ouvir e tentar ajudar uma situação que me recorda a minha vida actua como uma auto-ajuda. Se dou conselhos, porque não usufruir deles também?
Por isso saí do bar mais leve e optimista, como se a cada dia me conhecesse melhor. E enfrentei a noite, mais cálida do que a imaginava.
É a primeira vez que volto sozinha para casa, aqui. Hoje não há vizinhas ou amigas com boleia. Parto ao encontro do táxi descendo, passando ruas desertas, com a paisagem apenas perturbada por um grupo de rapazes, ou um casal de namorados, ao longe. Não se vêem mais raparigas sozinhas como eu pela noite. E por vezes ouve-se o som dos meus passos a ecoar. Tenho-lhe uma relação de amor-ódio: o medo e o gosto da solidão. Talvez devesse estar mais preocupada, mas sinto que conheço cada centímetro daquele passeio. Encarei o castelo, iluminado, ao atravessar uma passadeira e deparei-me com um jovem e ébrio sujeito que lançava palavras ordinárias para o ar turvo pelo nevoeiro que baixava. Mantive o olhar em frente e o passo rítmico.
Cheguei ao jardim com a fonte e sabia que agora estava segura.
Dei as boas noites ao taxista e entrei com rumo a casa. No fim, senti-me mais crescida, um bocadinho assim, mais pequeno que o danoninho mas suficiente para fazer a diferença.