Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2010
A minha práctica de anestesia começou hoje numa sala anexa a um bloco operatório com dois professores a explicarem o funcionamento básico à mistura com entubações endotraqueais: a mim e mais duas colegas.
Entre umas e outras explicações, e como já é hábito, chegaram as piadas:
Prof.1 : Vocês sabem qual é a especialidade mais antiga de todas?
Uma arrisca cirurgia... Ele nega e entreolhamo-nos.
Chega a professora. E a questão repete-se.
Prof 2: Ai, não sei.. Ora a especialidade mais antiga... *ri-se com boa-disposição* Pois não sei..
Prof 1: Qual é o livro mais antigo que conheces?
Prof 2: A Biblia?
Prof 1: Exacto. Como começa a Bíblia?
Prof 2: Ora como começa.. Com a criação do mundo... Vá, não me faças perguntas a mim que sou professora! Faz-lhes a eles que são os alunos!
Prof 1: A Biblia começa com o Génesis, não é?
Assentimos, pouco à vontade.
Prof 1: E o que diz o Génesis? Que Deus criou o mundo e depois criou o homem. E depois? Então, po-lo num sono divino, tirou-lhe uma costela e criou a mulher, a sua companhia! Então qual é a especialidade médica mais antiga?
Primeiro foi a anestesia, depois a cirurgia torácica e depois a cirurgia plástica.
:)
Agora, piadas à parte. A primeira foi a psiquiatria!
ânimo:
Terça-feira, 9 de Fevereiro de 2010
E no meio da aula, entre uns cálculos que envolvem a vida média de um fármaco, concentrações e constantes de eliminação, diz o professor, de barbas e cabelos branquinhos:
" (...) ln 0,5 = -ket1/2; assim, -ket1/2 = -0,693. Têm de saber este valor! Vá, mas o 3 até nem é muito importante.. das centenas, influi mudanças muito leves. Bem, podem ficar só com o 69 que assim recordam-se com certeza!" e nisto desata a rir "Então, com a anedota fica mais fácil!"
Isto, perante mim e os meus colegas que nos entreolhávamos entre a vontade de começar a rir e a estupefacção!
De facto, aquele professor é demais! :)
ânimo:
melodia: Stand by me - John Lennon
Quinta-feira, 16 de Julho de 2009
“Oh não… Seis da manhã, já?!” Adormeci por mais alguns minutos, o que resultou que tivesse de me preparar a correr. Pelo caminho encontrei um colega e, de que me valeu? Bem, fiquei a saber que afinal tinha uma estação de metro a 30m. Mas por alguma razão eu ignorava-a e ia para outra que fica a 200...! Pelo menos fiquei a sabê-lo na primeira semana.
Quanto às aulas continuam como sempre, bem dispostas, com bastante interacção. Ao final apercebi-me que espanhóis e italianos criaram uma rotina diária: “la hora de la cerveza”. Acompanhei-os para relaxar no Princess of Wales enquanto eles desgustavam as suas Carlsberg.
Porque é que quando se aprende uma nova língua, informalmente, a primeira coisa que se pergunta é calão? Além disso, os espanhóis resolveram dar dicas, aos italianos, do que dizer a uma rapariga, caso eles fossem a Espanha. Explicando-lhes que com aquilo “ficavam a comer na sua mão”. Eles ouviram, repetiram e memorizaram. No final a única espanhola deve ter tido pena para lhes explicar que com aqueles… piropos, o melhor que poderiam conseguir era um par de bofetadas!;)
No fim, voltei para casa, e não saí. Estou farta de andar em museus depois de acordar às 4h e três dias seguidos às 6h. O melhor remédio é sem dúvida a minha querida siesta! :)
Pensamento do dia: “How do you call a beautiful girl in London? (…) A tourist!” – dito pelo meu professor! ;)
ânimo:
Quarta-feira, 15 de Julho de 2009
Então, dia dois. Wow, já não é a primeira vez que vou até ao metro. Great, posso mostrar mais confiança e não agir como uma rapariga perdida no meio da multidão: Seguir pela direcção correcta, passar calmamente a minha Oyster card pela barreira, e seguir quietinha no lado direito das escadas rolantes, tal como deve ser.
A aula foi, como no dia anterior, bastante produtiva e interactiva. O professor insistiu na pronúncia (principalmente os espanhóis precisam bastante deste exercício), na entoação das palavras, das frases, o tema foi Speed-dating, a nova moda para gente demasiado ocupada (How to know the love of your life in just 3 minutes!) e claro, como não podia deixar de ser, com as suas piadas à mistura. Bem, pelo menos hoje não me perguntou se casava com ele! Optou por questionar-me acerca do meu maior medo. (coisa que obviamente não conto!:P)
E, finalmente, à hora de almoço, consegui ter internet no meu quarto! Que alívio!:D Finalmente re-ligada ao mundo!
À tarde encontrei-me com uma colega para almoçar em Victoria’s Garden creio. Um jardim ao lado da estação de Charing Cross onde estava a decorrer um concerto. Atraídas pela música entrámos e deparámo-nos com bastantes cadeiras de praia num largo, quase totalmente ocupadas, com pessoas simplesmente a relaxar, a almoçar, apanhar sol…
E lá paramos no parque para comer: sandwiches do “Prêt-à-manger” que há por toda a cidade. Aproveitamos a zona para ver a Cleopatra’s Needle: um de três obeliscos genuínos erguidos em Londres, Nova Iorque e Paris e o Thames com a London Eye do outro lado!
Próxima paragem? Estação de South Kensigton. Destino? Science Museum. Entrando em Westminster e saindo em Kensington, assim como ocorre com Islington ou outra parte, é notável a diferença, principalmente nos edifícios. Kensington alberga o Natural History Museum, ao lado o Science Museum e em frente o Victoria and Albert Museum. Os edifícios parecem-me ter aí muito melhor aspecto.
Passei uma tarde inteira no museu da ciência e apenas vi metade! As partes que mais gostei foram sem dúvida a evolução da exploração espacial: desde uma réplica do Sputnik, o primeiro satélite artificial lançado, passando pela recriação da chegada do homem à lua em tamanho original, e terminando em questões para o futuro. Como estava escrito numa parede: “Is space or your mind the last frontier?”
No primeiro piso encontra-se a exposição permanente “Who am I?” com forte componente médica, biológica e antropológica. Adorei! Foi muito bom rever algumas das coisas que estudei este ano, mas de uma forma mais práctica. Além disso tem imensas actividades interactivas! O cérebro, a evolução anatómica, tipos de fobias, as expressões faciais, sistema imunitário, diferenças sexuais, ADN,… tudo muito bem explicado de forma científica e simples! Recomendo vivamente. Até as crianças estavam entusiasmadas!
Em cima vi parte do que acho que posso chamar museu da história da medicina. Fiquei a saber, por exemplo, que existiram umas “máquinas” chamadas “iron lungs”. Ao que percebi aquilo respirava pelas pessoas que não conseguiam: os pacientes vivam ali deitados, imóveis, só com a cabeça de fora e com possibilidade de movimento. Parecia-me uma incubadora para um adulto.
Por fim, estive no Launchpad, uma zona apenas interactiva: experimentar sombras em movimento enquanto se está parado, ver a nossa imagem num écran de infravermelhos, dióxido de carbono a passar do estado sólido a gasoso (se não estou em erro), um farol que acendia graças às ondas criadas por nós, enfim, uma boa maneira de prestar mais atenção aos fenómenos físicos do dia-a-dia!
Ainda consegui passar por exposições de indústria e transportes, onde estava, por exemplo um Ford Modelo T!
Para acabar o dia em beleza entrei no metro às 18h: não me conseguia mexer, as pessoas não deixavam sair quem estava dentro antes de entrar… eu só pensava “Com tanta gente aqui nos túneis e nas plataformas, as ruas de Londres devem estar desertas!” Gosto muito do metro, mas em hora de pontas? Não muito obrigada!
Pensamento do dia: se estou de rastos e apanhei o metro sempre que possível (mesmo que fosse só a distância de uma estação), nem quero imaginar que seria desta cidade sem ele!
ânimo: