Não é o facto de ter estado um ano no estrangeiro que me faz achar as secretarias portuguesas incompetentes. De facto, da minha perspectiva, todas as secretarias são incompetentes, por cá, ou lá fora.
Há uma epidemia de incompreensão entre os dois lados do balcão.
Transcrevo o último confronto que tive com uma senhora cor-de-rosa e de ar bonacheirão do Registo Civil:
- Bom dia! Preciso um documento que indique a minha morada actual, disseram-me que é aqui que o posso obter… - deixei a frase pairar.
- Tem cartão de cidadão? – inquiriu ela aproximando-se
- Hmm, não...
- Então tem de tirar o cartão do cidadão, menina!
- Pois, sim sim.. – retorqui descontraidamente - Mas o meu BI ainda é válido até 2013.. tenho tempo! Só preciso mesmo do documento com a morada.
- Pois menina, mas para alterar a morada é preciso ter o Cartão do Cidadão.
- Ah, mas eu não quero alterar a morada..! Só quero mesmo um documento com a que está nos registos.
-Pois menina, mas nós não podemos fazer isso.. é que pra alterar a morada precisa tirar o Cartão. – e sorriu como quem explica um problema a uma criança.
Parei uns segundos e ponderei se a senhora estava com algum problema. Ou estaria eu a falar francês? Ou seria espanhol? (será que ela não apanha a TVE?!)
Voltei à carga.
- Olhe… eu não quero alterar a morada que vocês têm. Nada disso. Só quero que veja aí qual é a morada que eu tenho registada! É só isso.
- Pois menina, mas isso não dá. Só mesmo tirando o cartão do cidadão, e depois na hora em que o tira é que altera a morada! – e continuou com aquele sorriso mecânico.
Olhei em volta à procura de apoio para a situação surreal. O senhor que estava atrás de mim sorriu.
- Não me está a perceber… Não quero o Cartão e não quero mexer na morada, mesmo nada! Vocês têm uma morada minha, não é? Então veja nos registos e diga-me qual é… só isso!
A senhora reflecte uns momentos…. – Mas olhe que não podemos fazer isso, menina.. Só mesmo alterando ao tirar o cartão do cidadão.
Desisti. Não se pode discutir com todos os loucos deste mundo.
Depois de um mês intensivo de exames, o regresso a casa traduz-se num dolce fare niente literal.
A televisão, desconhecida para mim em todo este tempo, volta a ganhar vida e as horas de sono multiplicam-se. Por isso: Férias, muito bem-vindas! (ainda que só por uma semana)
Mas, a minha pergunta é: como passar uma temporada agradável em frente à tv, assistindo a programas interessantes e sem nos passar pela frente uma alusão ao mundial de futebol?
Já tinha ouvido uns rumores de umas tais vuvuzelas que andam por aí, de norte a sul. Já estava à espera de tudo da parte da Galp, mas… publicidade a cada 5min com os famosos a tocarem aquela coisa? E aos saltos? Mais o telejornal inteiro a falar da selecção, mais a viagem seguida de helicóptero, mais concertos, mais… sei lá eu que mais. Desisti de novo da tv.
Ora, o Euro 2004 foi uma grande festa, foi tudo muito bonito até a Grécia levar a taça para casa, o apoio à selecção é claramente bem-vindo, e uma festa pós-vitória ou ainda o país unido à hora do jogo também. Mas vamos lá reflectir e concluir que tudo o que é demais enjoa.
Eu sabia que aqueles almoços na Cité Université de Paris em 2004, olhando a imensidão de estudantes oriundos de todo o mundo e desejando ser parte daquela massa, tinham qualquer coisa de especial. Um sentimento partilhado com um do ano anterior em Salamanca.
E agora, no póximo ano vou estudar aqui:
E sim, estou super feliz! :)
Cruzei-me, há cerca de 10 minutos atrás, com um senhor na casa dos 65 anos correndo ao som do Bad Romance de Lady Gaga. E imeditamente pensei: "Isto sim, é juventude!"
Daqui a umas décadas também quero ser um sexagenária cool.
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